RAÍZES
DA MAÇONARIA MODERNA
Irmão Delbo Augusto da Silva Corado.
Loja Irmão Paulo Roberto Machado
Ao Oriente de Barreiras - Bahia
CIM 245921
A História da Maçonaria penetra nos mais ínfimos
recônditos da História da Humanidade e, as vezes, confunde-se com
acontecimentos que nada tem a ver com ela, principalmente quando se trata de
buscar suas origens.
O estudo é de tamanha complexidade que não só maçons,
estudiosos da Arte Real, mas também duros adversários têm manifestado a
dificuldade de encontrar o intransponível caminho que leva ao seu início, à sua
origem.
Durante séculos, historiadores maçônicos têm estado
intrigados pelos motivos e os fins da formação da Maçonaria, tanto em sua forma
operativa quando especulativa, e enquanto se esforçam para investigar os
mistérios que cercam a formação da nossa ordem, parece que o enigma, na verdade
se compõe de três questões distintas:
1.
Quem
eram os maçons originais?
2. De onde veio a Ordem?
3.
E quando?
Certamente meus irmãos essas não são perguntas fáceis de
se responder, principalmente por conta da ausência de documentos, mas, embora
seja certo que as verdadeiras origens da Maçonaria estejam envoltas em mistério
e isoladas em séculos passados, há evidências para provar que a fraternidade é
a mais antiga e venerável sociedade de homens no mundo.
É certo ainda, que contribui para essa imprecisão
histórica o fato de se somar à ordem uma porção de narrativas lendárias que só
criaram confusões e contradições, desfigurando a historia maçônica.
Só a título de exemplo dessas distorções ocorridas, em um
livro publicado em Liege, em 1773, sob o nome de Enoch e com o título de Le vrai
Franc-Maçon (O verdadeiro Maçom) afirma-se candidamente que Deus e o Arcanjo
São Miguel foram os primeiros Grão-Mestres da Primeira Loja de Maçons
estabelecida pelos filhos de Seth, depois do fratricídio de Cairo.
No entanto, a partir do pouco que sabemos sobre a
Maçonaria nos séculos anteriores à formação da primeira Grande Loja de
Inglaterra em 1717, parece altamente improvável que houvesse absolutamente
qualquer parentesco com qualquer civilização antiga; na verdade, pode ser muito
plausivelmente argumentado que uma grande quantidade do simbolismo que
encontramos hoje é, realmente, uma característica relativamente moderna, e que
alguns, senão a maioria, só foram introduzidos depois do século XVIII.
Na tentativa de rastrear as origens da Maçonaria,
devemos, pelo menos, retroceder até a Idade Média, onde havia, sem dúvida, uma
associação de pedreiros operativos neste país (Inglaterra). Estes excelentes
artesãos construíram as maravilhosas catedrais e abadias da Inglaterra,
realizando um trabalho qualificado e delicado, esculpindo os pilares, arcos,
volutas e frisos que são as glórias das Catedrais Góticas Inglesas.
Seguindo-se o rumo da história, juntamente com as Ordens
Militares e Religiosas, vieram as Guildas as quais influíram muito nas
tradições maçônicas. As Guildas eram associações que surgiram no Norte da
Europa e se estabeleceram principalmente na Inglaterra, Alemanha e Dinamarca e
em outros países. Eram associações inicialmente religiosas, mas que a partir do
século XII se constituíram em associações profissionais fraternas, verdadeiras
confrarias de defesa de autoproteção de seus sócios.
Os novos participantes desta confraria eram obrigados a
um juramento além de pagar uma joia, coletavam dinheiro para auxílio mútuo,
amparo às viúvas e despesas funerárias.
Interessante frisar que a palavra Loja surgiu pela
primeira vez em um documento emitido por uma destas corporações em 1292 servia
para designar o local de trabalho ou mesmo como sinônimo de Guilda. Não se
dedicavam somente às construções.
Os componentes das Guildas reuniam-se em banquetes e
pleiteavam reformas políticas e sociais. Como estes costumes não eram bem
vistos pela Igreja, e nem pelos reis, era comum elas adotarem nomes de monarcas
ou de santos que consideravam como seu padroeiro ou patrono, para escapar a
vigilância da Igreja e dos governantes.
No século XII, na Alemanha surgiu a Corporação dos
Steinmetzer que eram conhecidos por serem escultores e entalhadores de pedras
ou canteiros e que não se dedicavam exclusivamente á arte Gótica, porem
trabalharam em muitas catedrais deste estilo de construção.
Os Steinmetzer tomaram grande impulso através do seu
famoso arquiteto Erwin, natural de Steinbach. Segundo alguns autores, não há a
unanimidade, a Convenção de Estrasburgo, dos Canteiros foi convocada por ele em
1275 para terminar uma importante catedral em arenito rosa existente naquela
cidade. A fachada é ornamentada até hoje, com lindas estátuas representando
virtudes e vícios (virgens loucas e virgens prudentes). À Convenção
compareceram os principais arquitetos ingleses, alemães e italianos e de outros
países. Nesta Convenção foram adotados os sinais, palavras e toques usados para
identificação secreta membros da Confraria, diga-se de passagem, pela primeira
vez, pelo menos pelo que está registrado oficialmente. É bem provável que
outras Corporações usassem suas próprias senhas.
Ainda no século XII surgiu a Franco-Maçonaria ou Ofícios
Francos, a qual era constituída de pedreiros-livres ou franco-maçons e que
deixaram a marca de sua influência de forma indelével na Maçonaria atual. Os
franco-maçons puderam se dar totalmente à sua arte, pois eram trabalhadores
privilegiados, porque estavam isentos de impostos, eram construtores categorizados,
tinham livre trânsito, isto é, não ficavam presos numa mesma região à
disposição de seu nobre senhor e além disso eram muito respeitados e, além
disso, não eram escravos. O termo franco significava liberdade total, livre de
qualquer tipo de servidão ou compromisso, a não ser o de criar e construir.
Mais ou menos a partir do século XV nasceu na França um
tipo de agremiação de operários cristãos itinerantes, a Corporação dos
Companheiros (Compagnonnage) e que teria sido fundada pelos Cavaleiros
Templários. Eles iam de cidade em cidade, solicitando trabalho e prestavam
assistência mútua. Não era permitido ingresso na organização senão após um
tempo de aprendizado e também eram recebidos através de um cerimonial. Eles
construíram no Oriente Médio durante as Cruzadas, fortificações, cidadelas,
especialmente pontes e obras de defesa militar. Ao voltarem às suas pátrias,
construíram obras civis, igrejas e catedrais. Estas organizações duraram muito
tempo e desapareceram por completo no início do século XIX com nascimento da
grande indústria e do sindicalismo.
Interessante que estas Corporações de Oficio se tornaram
importantes em função da arte gótica que nasceu na França e se notabilizou na
Alemanha e outros países e que durou cerca de trezentos anos. A Renascença
viria e suas conseqüências se fizeram sentir tanto na arte gótica como no
monopólio das Corporações das construções das fraternidades maçônicas
operativas que dominavam as construções góticas, cujas edificações mais
importantes, as catedrais, castelos e outras construções já estavam todas
construídas. Já havia mais o que construir neste estilo.
Este fato ocasionou a decadência das Corporações e já no
século XVII, podemos notar que o povo europeu já estava preferindo o estilo
clássico romano que era mais alegre que o austero estilo gótico. Estas
Corporações viriam com o tempo a serem dissolvidas.
Foi mais ou menos nesta fase da história que as
fraternidades maçônicas operativas foram obrigadas a aceitar outras pessoas que
não estavam ligadas construção, muito embora há muito já as estivessem
aceitando.
O primeiro maçom “Aceito” que se têm provas foi John
Boswel, que era um lorde e que ingressou numa Confraria em 08.06.1600 como
maçom aceito, não profissional na Loja da Capela de Santa Maria em Edimburgo,
na Escócia. Esta aceitação passou a ser comum, em virtude da decadência das
corporações admitindo-se sábios, filósofos, naturalistas, artistas,
antiquários, nobres, militares, comerciantes, escritores e pensadores marcando
assim uma grande transformação na Ordem. Estes “Aceitos” trouxeram novas
concepções e contribuições para as agremiações, porem a transformaram
radicalmente. Inclusive, segundo alguns autores, os Rosacruzes foram os que
mais contribuíram para a filosofia maçônica, já que muitos destes primeiros
“Aceitos” eram Rosacruzes.
Verdade seja dita, se analisarmos com cautela sem
preconceitos e sem predisposições, veremos que a Maçonaria Operativa tem menos
a ver com a Maçonaria Moderna ou Especulativa, do que nos fazem crer e que se
propala em muitas publicações maçônicas. Foi uma Ordem que se sobrepôs à outra,
adotando seu nome, seus costumes, suas lendas, suas alegorias, seus sinais,
suas palavras, aproveitando sua estrutura já pronta, porem modificando-a quase
que totalmente e revestindo-a de valores simbólicos modificados.
A Maçonaria caminhava neste trajeto, se transformando dia
a dia com o mundo também se modificando e evoluindo. Na Inglaterra que foi o
berço da Maçonaria Moderna existia uma famosa cervejaria “O Ganso e a Grelha”,
onde se reuniam os franco-maçons. Inicialmente esta Corporação só constituída
por profissionais de ofício, a partir de 1703, começou a receber os “Aceitos”
indistintamente de todas as classes sociais, fazendo com que houvesse uma
profunda reforma na organização. Um dos líderes dos “Aceitos” o pastor
protestante Desagulliers conseguiu reunir quatro confrarias cujos nomes soam um
tanto estranhos para nós, no nosso tempo, tais como a “Macieira” a “Coroa” a já
conhecida “O Ganso e a Grelha” e o “Copázio (Taça?) (14) e as Uvas”. Estas
quatro corporações no dia 24.06.l7l7 se reuniram e fundaram a Grande Loja de
Londres, surgindo daí o sistema de submissão a um Grão- Mestre que hoje
conhecemos muito bem. Criaram
assim a primeira Potência ou Obediência maçônica no mundo.
A Inglaterra ordeira e rígida em suas tradições manteve
como mantém até hoje apenas os três graus simbólicos, a França como o seu
perfil latino e ousado proporcionou uma enxurrada de graus, criando os Graus
Superiores, e além dos ritos tradicionais, criou uma série de outros ritos,
alguns exóticos e mágicos. A Alemanha e outros países inicialmente acompanharam
a França neste festival de graus e ritos, porem a Alemanha depois resolveu
enxugar e expurgar o que tinha de exagero.
A Maçonaria tem dois tipos básicos de adeptos, os
místicos e os documentais. Ambos se respeitam mutuamente, porem divergem entre
si, com relação ao fato dos maçons documentais se basearem em documentos
antigos e autênticos, nas fontes primárias de pesquisas, e também na lógica
enquanto que os místicos têm outra linha de pensamento totalmente baseada no
esoterismo, alguns até exagerando e se tornando mistificadores.
Bibliografia:
CARVALHO, Francisco A. O Aprendiz Maçom, Editora
Maçônica “A Trolha” Ltda. Londrina-PR – 1995
CASTELLANI, José. A Ciência Maçônica e as Antigas
Civilizações, Editora Resenha Universitária, São Paulo SP - 1977
As Raízes da Maçonaria segundo a GLUI - Ven. Irmão Trevor
Jenkins, PM Nautilus Lodge No. 4259 Grande Loja Unida da Inglaterra.
AS ORIGENS DA MAÇONARIA -
pelo Ven. Irmão Lucas Francisco GALDEANO - Venerável Mestre da Loja
“Universitária-Verdade e Evolução” nº.3492 do Rito Moderno (2005-2007) ex-Venerável
da Loja Miguel Archanjo Tolosa nº.2131 do R.E.A.A.(1991-1993)
ex-Grande Secretário Geral de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil (1993-2001) Presidente do Conselho Editorial do Jornal Egrégora – Órgão Oficial de Divulgação do Grande Oriente do Distrito Federal.
ex-Grande Secretário Geral de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil (1993-2001) Presidente do Conselho Editorial do Jornal Egrégora – Órgão Oficial de Divulgação do Grande Oriente do Distrito Federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário