sábado, 2 de maio de 2015

RAÍZES DA MAÇONARIA MODERNA

RAÍZES DA MAÇONARIA MODERNA


                          Irmão Delbo Augusto da Silva Corado.
                          Loja Irmão Paulo Roberto Machado
                          Ao Oriente de Barreiras - Bahia
                          CIM 245921




A História da Maçonaria penetra nos mais ínfimos recônditos da História da Humanidade e, as vezes, confunde-se com acontecimentos que nada tem a ver com ela, principalmente quando se trata de buscar suas origens.
O estudo é de tamanha complexidade que não só maçons, estudiosos da Arte Real, mas também duros adversários têm manifestado a dificuldade de encontrar o intransponível caminho que leva ao seu início, à sua origem.
Durante séculos, historiadores maçônicos têm estado intrigados pelos motivos e os fins da formação da Maçonaria, tanto em sua forma operativa quando especulativa, e enquanto se esforçam para investigar os mistérios que cercam a formação da nossa ordem, parece que o enigma, na verdade se compõe de três questões distintas:
1.    Quem eram os maçons originais?
2.    De onde veio a Ordem?
3.    E quando?
Certamente meus irmãos essas não são perguntas fáceis de se responder, principalmente por conta da ausência de documentos, mas, embora seja certo que as verdadeiras origens da Maçonaria estejam envoltas em mistério e isoladas em séculos passados, há evidências para provar que a fraternidade é a mais antiga e venerável sociedade de homens no mundo.
É certo ainda, que contribui para essa imprecisão histórica o fato de se somar à ordem uma porção de narrativas lendárias que só criaram confusões e contradições, desfigurando a historia maçônica.
Só a título de exemplo dessas distorções ocorridas, em um livro publicado em Liege, em 1773, sob o nome de Enoch e com o título de Le vrai Franc-Maçon (O verdadeiro Maçom) afirma-se candidamente que Deus e o Arcanjo São Miguel foram os primeiros Grão-Mestres da Primeira Loja de Maçons estabelecida pelos filhos de Seth, depois do fratricídio de Cairo.
No entanto, a partir do pouco que sabemos sobre a Maçonaria nos séculos anteriores à formação da primeira Grande Loja de Inglaterra em 1717, parece altamente improvável que houvesse absolutamente qualquer parentesco com qualquer civilização antiga; na verdade, pode ser muito plausivelmente argumentado que uma grande quantidade do simbolismo que encontramos hoje é, realmente, uma característica relativamente moderna, e que alguns, senão a maioria, só foram introduzidos depois do século XVIII.
Na tentativa de rastrear as origens da Maçonaria, devemos, pelo menos, retroceder até a Idade Média, onde havia, sem dúvida, uma associação de pedreiros operativos neste país (Inglaterra). Estes excelentes artesãos construíram as maravilhosas catedrais e abadias da Inglaterra, realizando um trabalho qualificado e delicado, esculpindo os pilares, arcos, volutas e frisos que são as glórias das Catedrais Góticas Inglesas.
Seguindo-se o rumo da história, juntamente com as Ordens Militares e Religiosas, vieram as Guildas as quais influíram muito nas tradições maçônicas. As Guildas eram associações que surgiram no Norte da Europa e se estabeleceram principalmente na Inglaterra, Alemanha e Dinamarca e em outros países. Eram associações inicialmente religiosas, mas que a partir do século XII se constituíram em associações profissionais fraternas, verdadeiras confrarias de defesa de autoproteção de seus sócios.
Os novos participantes desta confraria eram obrigados a um juramento além de pagar uma joia, coletavam dinheiro para auxílio mútuo, amparo às viúvas e despesas funerárias.
Interessante frisar que a palavra Loja surgiu pela primeira vez em um documento emitido por uma destas corporações em 1292 servia para designar o local de trabalho ou mesmo como sinônimo de Guilda. Não se dedicavam somente às construções.
Os componentes das Guildas reuniam-se em banquetes e pleiteavam reformas políticas e sociais. Como estes costumes não eram bem vistos pela Igreja, e nem pelos reis, era comum elas adotarem nomes de monarcas ou de santos que consideravam como seu padroeiro ou patrono, para escapar a vigilância da Igreja e dos governantes.
No século XII, na Alemanha surgiu a Corporação dos Steinmetzer que eram conhecidos por serem escultores e entalhadores de pedras ou canteiros e que não se dedicavam exclusivamente á arte Gótica, porem trabalharam em muitas catedrais deste estilo de construção.
Os Steinmetzer tomaram grande impulso através do seu famoso arquiteto Erwin, natural de Steinbach. Segundo alguns autores, não há a unanimidade, a Convenção de Estrasburgo, dos Canteiros foi convocada por ele em 1275 para terminar uma importante catedral em arenito rosa existente naquela cidade. A fachada é ornamentada até hoje, com lindas estátuas representando virtudes e vícios (virgens loucas e virgens prudentes). À Convenção compareceram os principais arquitetos ingleses, alemães e italianos e de outros países. Nesta Convenção foram adotados os sinais, palavras e toques usados para identificação secreta membros da Confraria, diga-se de passagem, pela primeira vez, pelo menos pelo que está registrado oficialmente. É bem provável que outras Corporações usassem suas próprias senhas.
Ainda no século XII surgiu a Franco-Maçonaria ou Ofícios Francos, a qual era constituída de pedreiros-livres ou franco-maçons e que deixaram a marca de sua influência de forma indelével na Maçonaria atual. Os franco-maçons puderam se dar totalmente à sua arte, pois eram trabalhadores privilegiados, porque estavam isentos de impostos, eram construtores categorizados, tinham livre trânsito, isto é, não ficavam presos numa mesma região à disposição de seu nobre senhor e além disso eram muito respeitados e, além disso, não eram escravos. O termo franco significava liberdade total, livre de qualquer tipo de servidão ou compromisso, a não ser o de criar e construir.
Mais ou menos a partir do século XV nasceu na França um tipo de agremiação de operários cristãos itinerantes, a Corporação dos Companheiros (Compagnonnage) e que teria sido fundada pelos Cavaleiros Templários. Eles iam de cidade em cidade, solicitando trabalho e prestavam assistência mútua. Não era permitido ingresso na organização senão após um tempo de aprendizado e também eram recebidos através de um cerimonial. Eles construíram no Oriente Médio durante as Cruzadas, fortificações, cidadelas, especialmente pontes e obras de defesa militar. Ao voltarem às suas pátrias, construíram obras civis, igrejas e catedrais. Estas organizações duraram muito tempo e desapareceram por completo no início do século XIX com nascimento da grande indústria e do sindicalismo.
Interessante que estas Corporações de Oficio se tornaram importantes em função da arte gótica que nasceu na França e se notabilizou na Alemanha e outros países e que durou cerca de trezentos anos. A Renascença viria e suas conseqüências se fizeram sentir tanto na arte gótica como no monopólio das Corporações das construções das fraternidades maçônicas operativas que dominavam as construções góticas, cujas edificações mais importantes, as catedrais, castelos e outras construções já estavam todas construídas. Já havia mais o que construir neste estilo.
Este fato ocasionou a decadência das Corporações e já no século XVII, podemos notar que o povo europeu já estava preferindo o estilo clássico romano que era mais alegre que o austero estilo gótico. Estas Corporações viriam com o tempo a serem dissolvidas.
Foi mais ou menos nesta fase da história que as fraternidades maçônicas operativas foram obrigadas a aceitar outras pessoas que não estavam ligadas construção, muito embora há muito já as estivessem aceitando.
O primeiro maçom “Aceito” que se têm provas foi John Boswel, que era um lorde e que ingressou numa Confraria em 08.06.1600 como maçom aceito, não profissional na Loja da Capela de Santa Maria em Edimburgo, na Escócia. Esta aceitação passou a ser comum, em virtude da decadência das corporações admitindo-se sábios, filósofos, naturalistas, artistas, antiquários, nobres, militares, comerciantes, escritores e pensadores marcando assim uma grande transformação na Ordem. Estes “Aceitos” trouxeram novas concepções e contribuições para as agremiações, porem a transformaram radicalmente. Inclusive, segundo alguns autores, os Rosacruzes foram os que mais contribuíram para a filosofia maçônica, já que muitos destes primeiros “Aceitos” eram Rosacruzes.
Verdade seja dita, se analisarmos com cautela sem preconceitos e sem predisposições, veremos que a Maçonaria Operativa tem menos a ver com a Maçonaria Moderna ou Especulativa, do que nos fazem crer e que se propala em muitas publicações maçônicas. Foi uma Ordem que se sobrepôs à outra, adotando seu nome, seus costumes, suas lendas, suas alegorias, seus sinais, suas palavras, aproveitando sua estrutura já pronta, porem modificando-a quase que totalmente e revestindo-a de valores simbólicos modificados.
A Maçonaria caminhava neste trajeto, se transformando dia a dia com o mundo também se modificando e evoluindo. Na Inglaterra que foi o berço da Maçonaria Moderna existia uma famosa cervejaria “O Ganso e a Grelha”, onde se reuniam os franco-maçons. Inicialmente esta Corporação só constituída por profissionais de ofício, a partir de 1703, começou a receber os “Aceitos” indistintamente de todas as classes sociais, fazendo com que houvesse uma profunda reforma na organização. Um dos líderes dos “Aceitos” o pastor protestante Desagulliers conseguiu reunir quatro confrarias cujos nomes soam um tanto estranhos para nós, no nosso tempo, tais como a “Macieira” a “Coroa” a já conhecida “O Ganso e a Grelha” e o “Copázio (Taça?) (14) e as Uvas”. Estas quatro corporações no dia 24.06.l7l7 se reuniram e fundaram a Grande Loja de Londres, surgindo daí o sistema de submissão a um Grão- Mestre que hoje conhecemos muito bem.         Criaram assim a primeira Potência ou Obediência maçônica no mundo.
A Inglaterra ordeira e rígida em suas tradições manteve como mantém até hoje apenas os três graus simbólicos, a França como o seu perfil latino e ousado proporcionou uma enxurrada de graus, criando os Graus Superiores, e além dos ritos tradicionais, criou uma série de outros ritos, alguns exóticos e mágicos. A Alemanha e outros países inicialmente acompanharam a França neste festival de graus e ritos, porem a Alemanha depois resolveu enxugar e expurgar o que tinha de exagero.
A Maçonaria tem dois tipos básicos de adeptos, os místicos e os documentais. Ambos se respeitam mutuamente, porem divergem entre si, com relação ao fato dos maçons documentais se basearem em documentos antigos e autênticos, nas fontes primárias de pesquisas, e também na lógica enquanto que os místicos têm outra linha de pensamento totalmente baseada no esoterismo, alguns até exagerando e se tornando mistificadores.

Bibliografia:
CARVALHO, Francisco A.   O Aprendiz Maçom, Editora Maçônica “A Trolha” Ltda. Londrina-PR – 1995
CASTELLANI,  José. A Ciência Maçônica e as Antigas Civilizações, Editora Resenha Universitária, São Paulo SP - 1977
As Raízes da Maçonaria segundo a GLUI - Ven. Irmão Trevor Jenkins, PM  Nautilus Lodge No. 4259 Grande Loja Unida da Inglaterra.
AS ORIGENS DA MAÇONARIA - pelo Ven. Irmão Lucas Francisco GALDEANO - Venerável Mestre da Loja “Universitária-Verdade e Evolução” nº.3492 do Rito Moderno (2005-2007) ex-Venerável da Loja Miguel Archanjo Tolosa nº.2131 do R.E.A.A.(1991-1993)
ex-Grande Secretário Geral de Educação e Cultura do Grande Oriente do Brasil (1993-2001) Presidente do Conselho Editorial do Jornal Egrégora – Órgão Oficial de Divulgação do Grande Oriente do Distrito Federal.



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