A porta tem
sido desde as mais antigas épocas, o símbolo natural de toda passagem ou
entrada, e em particular, de toda iniciação. Além disso, a porta já é por si
mesma um Templo (um Templo rudimentar) e o ternário de suas duas colunas com a
arquitrave, constitui o elemento fundamental de toda construção arquitetônica.
Assim pois,
o momento de franquear a Porta do Templo depois de dupla preparação moral e
física de que acabamos de falar, é um dos mais importantes da cerimônia de
iniciação.
O candidato
é introduzido, depois de fortes golpes, golpes desordenados que revelam uma mão
todavia inexperta ou profana. Por esta razão, seus golpes produzem um tipo de
alerta no interior do Templo, alarme que se repete por três vezes, provocando
ecos.
Isto
relaciona-se com as palavras evangélicas: buscai e encontrareis (a Verdade),
pedi e vos será dada (a luz), batei e vos será aberta (a Porta do Templo).
Ao ser
recebido no Templo, com os olhos vendados, somente sente sobre o seu peito nu,
a ponta de uma arma cortante. Isto serve unicamente para fazê-lo entender que
ainda que não veja, pode sentir, e o sentimento da Verdade será o Guia que o
conduzirá em seu progresso e em seus esforços para a Luz.
O Guia
interior, que conduz individualmente a todo o ser que se torna receptivo à sua
influência no Caminho da Verdade e da Vida, acha-se materializado exteriormente
pelo 1º Experto, uma espécie de guia, sem o qual seria impossível ao candidato
preencher devidamente as condições que lhe são pedidas, no percorrer das viagens
para a sua admissão.
É o guia
quem responde por ele à pergunta: "Quem é o temerário que se atreve a
perturbar nossos pacíficos trabalhos e tenta forçar a Porta do Templo? com a
seguinte resposta:
"É um
profano desejoso de conhecer a Luz Verdadeira da Maçonaria, o que solicita
humildemente, por ter nascido livre e de bons costumes".
O
significado iniciático desta dupla condição, está contido no simbolismo dos
despojo dos metais, requisito de fundamental importância, uma vez que, em
virtude desse despojo, é que abre-se-lhe a primeira porta do Templo, assim como
as três portas simbólicas, representadas pelas três Luzes, depois de cada uma
das viagens.
A ponta da
espada, apoiada sobre o coração, é o símbolo da Verdade, através da sua
intuição que ocorre ou se manifesta diretamente no íntimo de nosso ser, ao
adentrarmos ao Templo, isto é, num particular estado de devoção receptiva,
tendo-nos isolado das influências exteriores e fechado nossos olhos à vista
profana e à consideração ordinária, puramente objetiva das coisas.
Ainda que
não vejamos, sentimos; ainda que não saibamos explicar a nós mesmos o porquê e
a razão dos acontecimentos, percebemos intuitivamente alguma coisa que
reconhecermos diretamente como Verdade e que se manifesta em nossa consciência
pela forma repentina e violenta da qual a espada apoiada sobre nosso peito
constitui símbolo muito expressivo
Raimundo
Augusto Corado
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