sábado, 14 de março de 2015

A PORTA DO TEMPLO

A porta tem sido desde as mais antigas épocas, o símbolo natural de toda passagem ou entrada, e em particular, de toda iniciação. Além disso, a porta já é por si mesma um Templo (um Templo rudimentar) e o ternário de suas duas colunas com a arquitrave, constitui o elemento fundamental de toda construção arquitetônica.

Assim pois, o momento de franquear a Porta do Templo depois de dupla preparação moral e física de que acabamos de falar, é um dos mais importantes da cerimônia de iniciação.

O candidato é introduzido, depois de fortes golpes, golpes desordenados que revelam uma mão todavia inexperta ou profana. Por esta razão, seus golpes produzem um tipo de alerta no interior do Templo, alarme que se repete por três vezes, provocando ecos.

Isto relaciona-se com as palavras evangélicas: buscai e encontrareis (a Verdade), pedi e vos será dada (a luz), batei e vos será aberta (a Porta do Templo).

Ao ser recebido no Templo, com os olhos vendados, somente sente sobre o seu peito nu, a ponta de uma arma cortante. Isto serve unicamente para fazê-lo entender que ainda que não veja, pode sentir, e o sentimento da Verdade será o Guia que o conduzirá em seu progresso e em seus esforços para a Luz.

O Guia interior, que conduz individualmente a todo o ser que se torna receptivo à sua influência no Caminho da Verdade e da Vida, acha-se materializado exteriormente pelo 1º Experto, uma espécie de guia, sem o qual seria impossível ao candidato preencher devidamente as condições que lhe são pedidas, no percorrer das viagens para a sua admissão.

É o guia quem responde por ele à pergunta: "Quem é o temerário que se atreve a perturbar nossos pacíficos trabalhos e tenta forçar a Porta do Templo? com a seguinte resposta:
"É um profano desejoso de conhecer a Luz Verdadeira da Maçonaria, o que solicita humildemente, por ter nascido livre e de bons costumes".

O significado iniciático desta dupla condição, está contido no simbolismo dos despojo dos metais, requisito de fundamental importância, uma vez que, em virtude desse despojo, é que abre-se-lhe a primeira porta do Templo, assim como as três portas simbólicas, representadas pelas três Luzes, depois de cada uma das viagens.

A ponta da espada, apoiada sobre o coração, é o símbolo da Verdade, através da sua intuição que ocorre ou se manifesta diretamente no íntimo de nosso ser, ao adentrarmos ao Templo, isto é, num particular estado de devoção receptiva, tendo-nos isolado das influências exteriores e fechado nossos olhos à vista profana e à consideração ordinária, puramente objetiva das coisas.

Ainda que não vejamos, sentimos; ainda que não saibamos explicar a nós mesmos o porquê e a razão dos acontecimentos, percebemos intuitivamente alguma coisa que reconhecermos diretamente como Verdade e que se manifesta em nossa consciência pela forma repentina e violenta da qual a espada apoiada sobre nosso peito constitui símbolo muito expressivo


Raimundo Augusto Corado

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