quinta-feira, 19 de março de 2015

A LUZ SEJA DADA AO NEÓFITO

O juramento que é contraído perante todos, e, fundamentalmente, consigo mesmo, com o propósito que exprime o testamento em sua vida profana, e com o qual as resoluções iniciais desse mesmo testamento se acham solenemente confirmadas e seladas, fazem o candidato digno de ver a luz, caindo-se-lhe por completo dos olhos, a venda da ilusão que lhe impedia de ver a Realidade em si mesmo.

Tendo-se declarado disposto a confirmar seu juramento - à falta do qual sempre se lhe concedem a faculdade de retirar-se - cai de seus olhos a venda com a qual até agora carregava. Vê ao redor de si, na semiescuridão do lugar em que se encontra, irmãos formando um semicírculo, portando uma espada apontada em sua direção.

Estas espadas não são, entretanto, uma ameaça. São símbolos dos pensamentos de todos os presentes, ainda desconhecidos para ele (e por esta razão velados) que convergem com benevolência em sua direção e simbolizam também a unidade de sentimentos com os quais ele é recebido.

Estes irmãos fazem-no notar que na qualidade de testemunhas silenciosas de suas obrigações, estão dispostos a ajudá-lo e socorrê-lo desde que cumpra com suas obrigações, assim como, a castigá-lo como é devido em caso de transgressão. Assim, oferece-se-lhe pela última vez a oportunidade de se retirar, e com a certeza de que o juramento pronunciado não lhe provoca nenhuma inquietação, concede-se-lhe a plena luz. Os irmãos presentes, cumprindo o que diz o Venerável Mestre, abaixam suas espadas ficando à ordem, enquanto o Templo é recobrada aos poucos, a iluminação do templo em sua total claridade.

As espadas são o símbolo de todas as forças desconhecidas que na vida sempre favorecem e auxiliam a quem permanece constantemente fiel a seus ideais e obrigações, apesar da situação difícil e das condições em aparência contrárias em que se encontre, enquanto que essas forças se convertem em outros tantos flagelos, remorsos e castigos, para quem cede e se assusta renunciando e faltando ao cumprimento de suas obrigações e ideais, a quem chamamos de perjuro.

A vida torna-se sempre mais dura, difícil e insatisfatória para os que renunciam a seus ideais e às suas mais elevadas aspirações; aqueles que cedem à aparente contrariedade dos homens e das coisas e se deixam desalentar por sua frieza e falta de cooperação.
Nunca, e por nenhuma razão, deve alguém renunciar à expressão de seu próprio Ser mais elevado e à do Divino desejo que constitui o anseio de seu coração. São estes para ele, além de um privilégio, uma obrigação e um dever cujo perfeito cumprimento lhe assegura a investidura no simbolismo maçônico.

Com esta firme atitude de sua consciência diante das provas contrárias da vida, faz-se a luz gradualmente, em seu mundo exterior. É a plena luz que passa livremente do interior e é derramada sobre o mundo exterior, uma vez que tenhamos sabido resistir com Fé inalterável, fidelidade e persistência a todas as contrariedades que nos tenham sido apresentadas.

A Luz que o iniciado recebe, como prêmio e consequência de seus esforços, é um símbolo de transcendental importância em todas suas acepções. A capacidade de ver a luz e adentrar à sua percepção constitui, pois, toda a essência e finalidade da iniciação.


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